30 de outubro de 2012

Darkness #1

O tempo é ingrato, infiel, dececionante. Apesar de ser o alento do progresso, significa ninharias perante a unidade do destino. É a maior prova de que nada desaparece, nada se apaga. O passado persegue-nos até à morte, soltando gargalhadas de escárnio. Arrepiantes, gritantes, atemorizantes. Afirmação tal e sombria pode afigurar-se cruelmente dissimulada, porém não padece de explicação. Apenas sobrevive, corrói, assombra. Perpetuamente.
As desconhecidas linhas de nosso futuro são desenhadas, expressamente, exclusivamente, por íntimos desejosos demónios pessoais. Estas negras criaturas emergem por entre os cortes de Humanidade e, sem suado pingo de arrependimento, ocupam celestial trono em meu súbdito ser.
Inesperadamente, silêncio.
 O tão atrativo vazio emocional impera. Dor do que fomos transfigura-se em prazerosa ardente, forçando o temeroso presente a transbordar mares de águas interditas e sensuais. Saudade de memórias dissolvidas em lágrimas de sangue enleia-se em meu redor.
Enfraquece-me.
Chicoteia-me.
E, pálida de cobardia e olhar perdido em brumas de aversão existencial, rendo o último fragmento que ainda me mostra lealdade. A paz, herdada por juras de fim e firmeza, seduz meus originais pecados. Uma vaga de luxúria escaldante, loucura e opressão delirante, beija a vénia consumada por mim.
Nada realmente muda, nada realmente se evapora. Não existe muro nem pedestal que separe o dantes do agora. Vida são meras trevas por paraíso intercalado; esperança é mera aspiração de liberdade de um futuro sem passado.




22 de outubro de 2012

Where´s your daddy? #3

Se TU soubesses as vezes que...

...derramei lágrimas de culpa;
...senti que todo meu ser era mágoa;
...desejei apenas não existir;
...pensei em acabar com tudo;
...me senti explodir em frustração;
...abafei o choro para que não o ouvisses;
...tentei ser forte ao invés de fraca;
...chorei ao olhar o meu reflexo;
...tremi de raiva e de dor;
...sorri um sorriso enganador;
...sequei o rosto sem o saberes;
...me magoei para não gritar;
...implorei dentro de mim para que te preocupasses;
...me escondi para não te enfrentar;
...escrevi versos de crime e amargura;
...sonhei dormir para não mais acordar;
...destruí meus princípios por pura cobardia;
...tive medo de viver;



....nao serias quem és.
Serias meu pai.

17 de outubro de 2012

"Those who are heartless, once cared too much"



16 de outubro de 2012

Broken #1

Eu estou farta. Apenas farta. Farta de gritar contra paredes invisiveis, farta de derramar lágrimas por algo que nao posso mudar.
Há 17 anos que luto contra a vontade de... contra a vontade de acabar com tudo.
Contra a vontade de acabar comigo.
Eu já não aguento mais.
Já não consigo.
Há 17 anos que eu finjo que está tudo bem, quando, na verdade, nunca esteve. Todos os dias olho ao espelho e repito para mim mesma "É só mais um dia, tu consegues. Vá, vai à luta, mantém a cabeça erguida. Um dia serás recompensada".
Mas eu estou farta de esperar.
Eu já não aguento mais.
Eu sinto-me explodir a qualquer momento e odeio isso. Odeio a sensação que isso traz.
Tudo o que eu sempre pedi foi ser feliz e nunca mo concederam.
Nem sequer por um segundo.
Eu só sei que devo ser perfeita, matura e obediente.
Todos os dias.
Sempre.
Sem parar.
Mas eu, hoje, atingi o meu limite.
Que mal terei eu feito para me ser destinado tal infortúnio?
Eu tentei, juro que tentei manter um sorriso no rosto, quando me diziam que lamentavam.
E eu até fui bem sucedida. No entanto, não consegui conter as lágrimas quando me me lançavam dores.
Mais uma vez.
Outra vez.
Eu já não sei como lidar com isto, como lidar comigo, como lidar com tudo.
Eu só quero, nem que seja por um milésimo de segundo, sentir esperança. Esperança num futuro, num sorriso, no alivio.
Entretanto, que faço eu?
Choro.
Choro.
Choro e nao consigo parar.
Eu não quero parar. Não quero que me digam o que devo fazer ou o que devo dizer. Eu quero sentir-me livre.
Eu quero fazer uma loucura e sentir algo para além desta mágoa.
Será que é pedir muito?
A minha almofada tem que deixar de ser a minha confidente; a minha expressão tem que deixar de ser uma farsa; o meu olhar tem de deixar de ser um inferno.
Eu quero ter alguém que me ajude, que me aconselhe. Alguém que não me julgue, que não me condene.Alguém que me aceite por eu ser quem sou.

Eu já não aguento mais.
Foram 17 anos...
Melhor, são 17 anos.
17 anos a sentir me uma intrusa. 17 anos a sentir-me uma inútil. 17 anos a sentir que se eu morresse, nada se perderia.
São 17 anos a sentir que nunca mais chega o último dia.