22 de setembro de 2013

-.-'

Basicamente...

E o pior é que nao a estou a encontrar...

5 de setembro de 2013

Untold #3

- Olha para ti, já viste bem a figura em que estás?
Claro que já vi...Não que tenha prazer algum em tarefa tal, mas, infelizmente, sou obrigada a encarar-me todos os dias na superfície espelhada que se encontra em frente à minha cama.
-Sim..que mal tem?
Mal pronunciei tais palavras, percebi que tinha ultrapassado o limite imaginário que se impunha sempre que havia comunicação de qualquer tipo entre mim e o meu progenitor.
- Como é que atreves a fazer tal afirmação?? Que mal tem? Pareces uma mendiga, sempre de casacos e lenços atrás..constantemente de cabeça baixa como se fosses uma pecadora em rendição..Já para não falar desse teu cabelo asqueroso que te engole...Tenho vergonha em chamar-te de minha filha...
-Então não chames! Se sou assim algo que te enoje tanto, nem sequer me olhes...

E foi este olhar..aquele olhar tão já meu conhecido que me gelou. 
Profundamente.
Senti as minhas células a contestarem o frio invasor, mas nada pude fazer. Nada consegui fazer. Apenas me ofereci, clemente, às mãos do autoproclamado salvador.
Senti segundos nascerem em milénios.
Assim que me foi concedido direito de cura, corri para o santuário, a que popularmente refiro como "quarto". Minha alma deslizou, sem um pingo de sanidade, para a caixinha preta que tão delicadamente tenho sobre a minha cabeceira Sem uma hesitação, abriu-a de rompante.
Sorri qual demente cadastrada quando segurei suavemente no que se encontrava no seu interior. O meu corpo convulsionava com a antecipação do que iria acontecer..O assombro quente, destruidor, caloroso dançava em volta da minha alma. 
Sorri. 1 carícia.
Sorri. 2 carícias.
Sorri. 3 carícias.
Continuei a derreter sorrisos à medida que carícias metálicas deslizavam. Um curioso líquido escarlate jorrava timidamente desde o topo das minhas coxas até à curvatura do joelho.
E eu sorria. Sorria porque simplesmente não existiam razoes para chorar. 
Sentimentos? O vazio imperava, mesmo quando tais carícias ameaçavam fundar. 
O escarlate reluzia, pecado embalado em loucura...
A dado momento perdi-me..Perdi a essência que faz de mim quem sou e,no seu lugar, apodrece uma sombra que, de dia para dia, de suspiro a lágrima, cresce. 
Enfortece.
Destrói.
Destrói tudo o que poderia, porventura, ser digno de salvação...É uma chama, um fogo que reduz a cinzas cada fragmento que resiste à escuridão eterna. Consome, sublime, os vastos rios límpidos de onde, outrora, nascia meu sangue, substituindo-os por pântanos infecciosos que se afiguram impossíveis de drenar. Até que chega o momento em que o negrume me cega e a luz se torna sinónimo de jamais. Meus sentidos desvanecem  minha pulsação decresce e, no final, só tenho força e lucidez para, num murmúrio implorar para alguém, simplesmente, me salvar.
-C





3 de setembro de 2013





*And, with my tears I made an ocean in my eyes. I say me drowning, breathless, in that painful ocean fed of lies*

Untold #2

Sustenho a respiração, fecho os olhos, desprezo um duvidante passo e, com hesitações de pareceres fatais, encerro o ritual. Pé ante pé, entre tremores e temores, enfrento o inimigo. Pauso uns momentos e baixo o olhar.

Inspira, expira, inspira, expira, acalma tua ânsia que nada irá mudar.

Paraliso.
Cambaleio.
Processo.
Solto um último esgar e algo em mim quebra, em meu já rotineiro estilhaçar.

Desilusão, nada mais és. Agora, não derrames desculpas, que é fraqueza perdoar.

Sim, rendo-me à voz, enquanto lágrima murmura silêncios e ameaça gritar. 

Não, não, não. Não te mostras merecedora de teu chorar. 

Todavia, mandamento rotula-se tardio. 
Lágrima una multiplica-se em mar, de diamante superfície mas negro âmbar.
Vencida, derrotada, esmagada pela verdade que sou forçada a aceitar, venero um duvidante passo e respiro dolorosamente, preparando a batalha que, embora antiga, ainda se está a iniciar. 
-C