13 de janeiro de 2013

(Happy) Endings #1

Quando a escuridão nos assombra, resistir ao seu poder é algo impossivelmente sepulcral.
Com a chegada das primeiras sombras, um ritual de defesa se inicia...
A luz que de nossa alma irradia, forma escudo em sua volta, não deixando a obscuridade penetrar. Negro opõem-se a pureza em batalhas ténues, harmoniosas e anárquicas que, lentamente, se transformam de raras a regulares.
Dois sorrisos se desvanecem num só, destroçado, em pó.

Todavia, a ampulheta não se faz intimidada, recusando cessar sua desesperante contagem.
Grãos de areia escorregam receosamente, gritando gritos silenciosos que nem o vidro se dignam quebrar.
Segundos voam e a velocidade aumenta, a um ritmo que ninguém ousa paralisar.


Respirar torna-se doloroso, oxigénio dilui-se em droga sufocante, dias amanhecem apenas para a
noite brilhar.
Até que alguém sussura: "Sinto que estás quase no final..."
Mas no final de quê?
Final da ditadura?
Final da dor?
Final do fingimento atroz e cruel?
Não..
Fim de algo muito mais indistinto, muito mais torturante..
Final de vida, renascimento; final de sobrevivência, harmonioso paraíso de além.
 
"Sinto que estás quase no final.."
 
Contudo, depois de períodos incontáveis a morrer interiormente de ódios delirantes, fim não é sinónimo de inferno nem de lágrimas evitadas..
Fim é vazio caloroso, é sangue a arder, é assédio imoral..
Tudo tem de final ter, afinal.