19 de setembro de 2012

Where´s your daddy? #1

Desprezo.
A palavra mágica para tudo, segundo alguns especialistas. Basta carregar num botão e todos os problemas, todas as pessoas, toda a restante vida deixa de existir.
Que simplicidade...
Se não nos interessa, é-nos indiferente; se não nos afeta, não desejamos saber.
O universo pode explodir em mil brilhantes estilhaços que, se estivermos salvaguardados pelo aprazível e glorioso narcisismo, nem sequer pestanejamos. Pelo contrário; ficamos agradados por ter sido o universo e não nós.
Não vale a pena negar.
Todos pensamos assim pelo menos uma vez na nossa efémera existência. É um processo que se tornou mecânico, natural e até rotineiro.
No entanto, se uma brecha se abre no nosso imaculado exíguo mundinho, é O desastre. A desorientação é total. Deixamos de saber como agir, como pensar e até como tratar a Humanidade. Tudo desaba perante o Apocalipse.
 Subitamente, um poder divino e superior intervém e volta a colocar anarquia em dinastia.
Passamos o resto do tempo a viver em silêncio, a sorrir para uma tela que não é prioridade admirar. Mas, qual é, afinal, a incontestável razão que nos submete desta forma? Eu, sei que ainda não a encontrei. Contudo, não vou desistir de a enfrentar e exigir que me ilumine sobre o derradeiro propósito que justifica o desprezo humano.
Como poderá haver tão poderoso bem maior se tudo na vida tem um fim, inclusivé o próprio conceito de existir?