20 de setembro de 2012

Where´s your daddy? #2

Uma lágrima escorre, lentamente, pela minha face.
Cristalina, brilhante, pura.
Vai descendo pela minha bochecha até se evaporar no canto da minha boca. Apenas um minúsculo exemplar espelha o meu estado de espírito. Para quem olha sem realmente ver, pareço serena, melancólica. Não obstante, a minha alma debate-se, afogada pela angústia que lhe trespassa o coração.
Tudo em mim treme, não de frio, mas de mágoa.
Mágoa minha que me amordaça, impedindo-me de ser livre. Prende-me nas teias delicadas da tristeza, que a opressão silencia.
A lágrima, solitária representação de meu tormento, é a única ousadia que me é permitida. E, se outra se dignar nascer, meus olhos piscarão instantaneamente, numa tentativa de cessar a corrente que luta em se formar.
Claro que o sentido vence a investida.
As lágrimas, finas, frágeis, nada representam quando comparadas ao poder inebriante da amargura.
 A sua insignificância e, quiçá, mesquinhez, é algo humilhante para a magnificiente aparência.
Assim sendo, o luto lacrimal é ameaçado e este evapora-se, cautelosamente, cobardemente, subjugando-se a uma fraqueza mais dolorosa que a própria dor.